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Mulheres
Autor: Eduardo Galeano
Ano de lançamento: 2011
Gênero: crtônicas
Neste livro, o escritor uruguaio Eduardo Galeano recupera diversas figuras femininas para nos lembrar o que foi feito delas ao longo do tempo e o que elas fizeram com o pouco espaço que a história lhes reservou. É bem desproporcional. Joana D’Arc, Rosa de Luxemburgo, Olga Benário, Camille Claudel, deusas gregas, figuras bíblicas, bruxas, artistas e anônimas renascem nas páginas de Galeano com contornos e camadas muitas vezes abafados ou distorcidos pela história oficial – uma narrativa masculina de nascença, onde os atores principais são homens, e mulheres que não se encaixam no roteiro são, em geral, queimadas vivas, decapitadas, traídas, difamadas ou apenas condenadas ao esquecimento.
O auto da barca do inferno
Autor: Gil Vicente
Ano de apresentação: 1517
Gênero: teatro
O que acontece à alma depois da morte do corpo? É com esta interrogação que Gil Vicente, o pai do teatro português, constrói a sua peça satírico-cômica com pretensões moralizantes, em que se mostra o julgamento dos pecadores no pós morte. Este julgamento é feito à beira de um profundo braço de mar onde aguardam dois barqueiros: um que conduz a Barca da Glória (o Anjo), outro a Barca do Inferno (o Diabo). Por esse porto passarão diversas almas que irão expor o que fizeram em vida para se decidir assim em que barca têm direito a entrar.
O “Auto da Barca do Inferno” é um exemplo perfeito da sátira social de Gil Vicente aos costumes da sociedade portuguesa do século XVI, fazendo jus à fórmula latina «ridendo castigat mores» (a rir corrigem-se os costumes). Através de uma brilhante metáfora de um tribunal do pós morte, Gil Vicente põe a nu os vícios das diversas ordens sociais e denuncia a “podridão” da sociedade através das diferentes personagens julgadas, que, no fundo, não passam de arquétipos representativos das classes que integram: O Fidalgo representa a Nobreza; O Onzeneiro, a banca; O Parvo, o povo simplório; O Sapateiro, os comerciantes; O Frade, as ordens religiosas; A Brízida Vaz, aqueles que praticam negócios ilícitos e são dados a maus costumes; O Judeu, o povo judaico em si; O Corregedor e o Procurador, os juízes e os advogados, ou seja, a justiça; O Enforcado, os criminosos julgados que não se arrependem; e por fim os Cavaleiros, que representam a cavalaria e o exército, que lutava em cruzadas contra os mouros.
Representada pela primeira vez em 1517, a peça acabaria depois por ser a primeira parte da chamada trilogia das Barcas (sendo que a segunda e a terceira são respetivamente o Auto da Barca do Purgatório e o Auto da Barca da Glória) embora esta primeira parte tenha sido sempre a mais popular e mais aplaudida de todo o conjunto destas peças alegórico-moralizantes, muito possivelmente porque, para além de ser a mais cómica, é também a que melhor expõe a ideia de que o Bem é recompensado e o Mal castigado.
14 contos de Kenzaburo Oe
Autor: Kenzaburo Oe
Ano de lançamento: 2011
Gênero: contos
Escritos entre 1957 e 1990, estes contos refletem não apenas a evolução da escrita do autor, mas também os seus temas recorrentes. Kenzaburo Oe foi construindo aos poucos um universo tipicamente japonês, habitado por personagens que jamais poderiam ser ocidentais.
Os contos “O homem sexual” e “Em português brasileiro”, tratam de um tipo de incomunicabilidade muito nipônica, em que algo importante deixa de ser dito, numa tentativa nem sempre bem-sucedida de preservar a harmonia social. O delicado equilíbrio dentro da família Oe, que inclui um filho com deficiência cerebral, está retratado em “Viver em paz” e “A dor de uma história”, supostamente narrados pela filha do escritor.
Já em “Seventeen”, um dos contos mais polêmicos, Oe se baseia no assassinato do presidente do Partido Socialista japonês, nos anos 1960, por um adolescente ultranacionalista, para refletir sobre o nível de fanatismo que as ideias políticas podem incutir num indivíduo confuso ou ainda malformado. Na época, o conto foi duramente atacado por ambos os extremos do espectro político.
A visão sem ilusões, porém compassiva, que Oe tem da existência humana amarra todos os textos. Repetidas vezes, ele afirmou que sua obra trata da inegociável dignidade dos seres humanos.
Dom Quixote de La Mancha
Miguel de Cervantes
Ano de lançamento: 1605
O título e ortografia originais eram El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha, com sua primeira edição publicada em Madrid no ano de 1605. É composto por 126 capítulos, divididos em duas partes: a primeira surgida em 1605 e a outra em 1615. O livro surgiu em um período de grande inovação e diversidade por parte dos escritores ficcionistas espanhóis. Parodiou os romances de cavalaria que gozaram de imensa popularidade no período e, na altura, já se encontravam em declínio. Nesta obra, a paródia apresenta uma forma invulgar.
Antologia Poética de Fernando Pessoa
Autor: Fernando Pessoa
Gênero: poesia
Compêndio que reúne toda a composição poética ortônima de Pessoa (mais de 400 poemas). Por composição poética ortônima entende-se os poemas que foram assinados pelo seu próprio nome em vez de um dos seus muitos heterônimos.
Fernando Pessoa é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura universal.
Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os seus heterônimos, diferentemente dos pseudônimos, são personalidades poéticas completas: identidades que, em princípio não existentes, tornam-se verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original.
O ortónimo foi profundamente influenciado, em vários momentos, por doutrinas religiosas (como a teosofia) e sociedades secretas (como a Maçonaria). A poesia resultante tem um certo ar mítico, heróico (quase épico, mas não na aceção original do termo) e por vezes trágico.
O ortônimo é considerado como simbolista e modernista pela evanescência, indefinição e insatisfação, bem como pela inovação praticada através de diversos estilos de formulação do discurso poético (sensacionalismo, paulismo, interseccionismo, etc.)
Quando se tem a certeza de que se encontrou o caminho da Índia e vem um sujeito (Colombo) ter com o rei de Portugal, que está todo alegre com a descoberta, dizer-lhe: Faça favor de apagar tudo isso e de começar outra vez a procurar a Índia por outro lado. O rei, é claro, mandou-o pentear macacos.
A história alegre de Portugal
Autor: Manuel Pinheiro Chagas
Ano de lançamento: 1880
Gênero: novela
João Agualva, professor aposentado, decide relatar de forma fácil e didática a História do país a um grupo da sua aldeia natal, situada entre Belas e o Cacém. Da época de Viriato à Reconquista da Península Ibérica, da fundação de Portugal aos Descobrimentos, ele vai narrando, ao longo de dez serões, os momentos mais marcantes da História de Portugal, de forma descontraída, simplificada e divertida, culminando a sua narração no reinado de D. Luís I.
Publicada em 1880, esta obra de Manuel Pinheiro Chagas, tão divertida quanto didática, surgiu na mente do seu autor quando um colega deputado (na altura da monarquia constitucional) lhe ofereceu um livro francês intitulado: “Entretiens populaires sur l’histoire de France” – um pequeno livro que, de modo desprendido e usando uma linguagem prosaica, contava, muito concisamente, alguns episódios da história da França, de maneira a estes serem compreendidos pelo cidadão francês comum. Pinheiro Chagas achou tanta piada ao livro que se perguntou – tal como o próprio escreveu – “se não seria possível fazer, com relação à história portuguesa, um livro nesse género“. Dessa motivação surgiu então a “História Alegre de Portugal” uma obra mais rica em estilo narrativo que a congénere francesa pois é contada em forma de novela, na qual a História de Portugal serve de mote para o desenvolvimento narrativo da história central que tem um ex-professor como protagonista a contar ao um grupo de aldeões – descritos bem à maneira caricatural do “zé povinho” de Rafael Bordalo Pinheiro, amigo de longa data de Pinheiro Chagas – a História do seu país que, curiosamente, lhes é completamente desconhecida.
De chamar a atenção que esta obra de Manuel Pinheiro Chagas foi há uns anos atrás adaptada para uma versão em banda desenha, feita pelo desenhista Artur Correia.
Ouvirá o mundo o que nunca viu, lerá o que nunca ouviu, admirará o que nunca leu, e pasmará assombrado com aquilo que nunca imaginou.
O mundo no ano 3000
Autor: Pedro José S. de Morais
Ano de lançamento: 1895
Gênero: novela
Maurício e Marta, um jovem casal parisiense do séc. XIX deixam-se seduzir pelo desejo de viver no futuro e aceitam ser adormecidos por um cientista chamado Sir John Progresso, com o objetivo de serem reanimados, centenas de anos mais tarde; o que efectivamente acontece no ano 3000 com a ajuda do Sr. Manuel Fogaça, um comerciante de antiguidades que explorava as ruínas do mundo antigo à procura de velharias.
Publicada pela primeira vez em Portugal em 1895, esta é a primeira obra caracterizada como sendo de ficção científica, escrita em língua portuguesa –um tema literário inédito na época, não só em Portugal mas também no resto do mundo.
Ela não é, contudo uma obra original. Trata-se de uma adaptação literária da obra “Le Monde tel qu’il Sera” do escritor francês Émile Souvestre, escrita em 1846 que foi escrita com a intenção de ser uma obra de carácter moral (isto é, uma apologia de advertência a condutas morais) mas cujos elementos de fantasia e projeções de tecnologias futuras deram-lhe mais notoriedade como sendo uma referência literária sobre um tipo de ficção com premissas sobre as potencialidade de realização e invenção do Homem no campo tecnológico e científico, tornando-a, portando, numa das primeiras obras do mundo a ser reconhecida como uma obra de ficção cientifica. De fato, a obra de Émile Souvestre é uma das principais influências do seu conterrâneo, Júlio Verne, escritor que viria a popularizar e a consagrar a ficção científica como um tema literário legitimo.
Todas as cosmicômicas
Autor: Italo Calvino
Ano de lançamento: 1965/7
Gênero: romance
Todas as cosmicômicas resulta da reunião de dois livros que Italo Calvino publicou na década de 1960: As cosmicômicas (1965; Companhia das Letras, 1992) e T = 0 (1967).
São narrativas que começam com um enunciado científico (ou pseudocientífico) sobre as origens do universo e dos planetas e outros temas do passado cósmico remoto para dar, em seguida, a palavra ao personagem central de todas elas, que tem o palindrômico e impronunciável nome de Qfwfq.
Ele é testemunha ocular da história de bilhões de anos do universo, presente desde o momento do big bang, onde tudo estava reunido num único ponto e a falta de espaço era absolutamente incômoda, e que assiste angustiado ao afastamento das galáxias, sofre grandes paixões na época em que a Lua se distanciava da Terra, joga bocha com átomos, sente ciúmes enquanto cai no vácuo, é expelido por uma erupção do Vesúvio e vive a patética experiência de ser o último dinossauro vivo.
Contos - Ernest Hemingway
Autor: Ernest Hemingway
Ano de publicação: 1938
Gênero: contos
Seleção de estórias que dão boa mostra de um dos maiores contadores de estórias de todos os tempos. Densas e fortes narrativas, cheias de aventuras, violência e brutalidade, realismo e nostalgia que transcorrem em cenários dos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio.
Páginas emocionantes nascidas da imaginação e das vivências de um homem que sempre abominou o ódio e as falsidades de um mundo injusto e desassossegado.
As neves do Kilimanjaro consta do livro The Fifth Column and the First Forty-Nine Stories, de 1938 e foi filmada em 1952, sob direção de Henry King. O conto é melhor do que o filme.
Tutameia
Autor: Guimarães Rosa
Ano de lançamento: 1967
Gênero: contos
As “estórias” de Tutaméia (Terceiras estórias) são as mais curtas da obra de João Guimarães Rosa. O conjunto de 40 contos foi disposto em ordem alfabética e representa um exercício de síntese realizado com excepcional habilidade. O livro foi publicado em 1967, poucos meses antes da morte do autor.
Um pequeno herói
Autor: Fiódor Dostoiévski
Ano de lançamento: 1849
Género: Romance
Redigida entre julho e dezembro de 1849, quando o autor se encontrava no cárcere da Fortaleza de Pedro e Paulo, em Petersburgo, à espera da sentença que o desterraria para a Sibéria, a novela ‘Um Pequeno Herói’ nada revela das terríveis condições em que foi escrita. Nessas páginas, em contraste com a experiência sinistra da prisão, Dostoiévski criou uma obra luminosa e delicada, que revela sua capacidade sem paralelos de entrar na alma de um personagem e lançar luz sobre os processos que se passam justo aquém da consciência. O cenário é uma propriedade no campo, durante uma temporada de verão, onde se encenam os jogos de entretenimento da rica sociedade russa.
Nesse ambiente festivo, cercado por uma natureza exuberante, um garoto de onze anos vive sua primeira experiência amorosa significativa, mesclada à percepção difusa de sua sexualidade e da dos adultos. Com mão de mestre, e muito antes de Freud, Dostoiévski conduz o leitor pelos meandros da alma infantil até seu ponto mais sensível, ali onde se inscrevem – decisivas como num rito de passagem – a descoberta da própria dignidade, impulsionada por eros, e a primeira ofensa, infligida ao sentimento pelo jogo das máscaras sociais. Uma obra-prima a ser redescoberta na primorosa tradução de Fátima Bianchi, acompanhada pelas brilhantes xilogravuras de Marcelo Grassmann.
A arte do romance
Autor: Henry James
Ano de lançamento: 1909
Género: Ensaio
Reflexão sobre o futuro do romance, os prefácios de Henri James para a edição de Nova York (1907-09) - que reuniu grande parte de sua ficção - compõem uma referência indispensável ao estudioso da literatura e da narrativa em suas múltiplas formas.
Na edição em português, o crítico literário Marcelo Pen analisa a técnica de escrever um romance, mais especificamente o processo de criação de Henry James, por meio dos prefácios de sua autoria. Nesses textos, James relata seus impasses, além de narrar a história da própria história. De forma criteriosa, Pen selecionou oito dos dezoito prefácios, traduziu na sintaxe do escritor e, em seu texto introdutório "esclareceu, com erudição e discernimento, a natureza dos textos selecionados como peças literárias", segundo o professor Ismail Xavier, que escreveu as orelhas do lançamento.
Além dos prefácios de Henry James em si, Marcelo Pen faz uma apresentação dos principais estudos sobre os comentários do romancista, como os de Percy Lubbock, Richard Blackmur, Wayne Booth, entre outros nomes contemporâneos. "Essas perspectivas teóricas permitem entender no que, afinal, consiste esse conjunto de textos, cuja influência, tanto no âmbito da criação quanto na esfera da reflexão crítica, estende-se até os dias de hoje", comenta Pen.
Os quatro encontros
Autor: Henry James
Gênero: Contos
Os três contos apresentados neste livro representam épocas diferentes do trabalho de Henry James, no entanto, é possível detectar neles as preocupações que atravessaram toda a obra do autor. E é com surpresa e interesse que penetramos no mundo dos sentimentos e emoções das personagens, nas histórias que mostram os estranhos caminhos que levam as pessoas a grandes perigos e a uma luta desigual entre presente e passado, entre moral e verdade.
O conto "Quadro Encontros" mostra quatro recordes de encontros de forma rápida. Ao contar a historia do conto "Quatros Encontros", o narrador busca retratar a temática do contraste entre America e a Europa. A personagem principal é Spencer, que mora no interior da America.
O Alienista
Autor: Machado de Assis
Ano de lançamento: 1882
Gênero: Romance
O Alienista é uma célebre obra literária humorística do escritor brasileiro Machado de Assis. Muitos o Consideram um conto, mas a maioria dos críticos e especialistas o consideram uma novela por causa da sua estrutura narrativa.
Publicado em 1882, quando aparece incorporado ao volume Papéis Avulsos, havia sido publicado previamente em A Estação (Rio de Janeiro), de 15 de outubro de 1881 a 15 de março de 1882.
A história fala sobre o Dr. Bacamarte, que era convencido de que é ótimo, que se casa com sua mulher, porque esta teria características mentais e físicas para conceber-lhe um filho, o que não ocorre e por isso ele se aprofunda nos estudos, que naquela época eram pouco explorados, a loucura. Assim cria a Casa Verde, uma espécie de manicômio.
O príncipe com orelhas de burro
Autor: José Régio
Ano de lançamento: 1942
Gênero: Romance
Era uma vez, no reino distante de Traslândia, um rei e uma rainha que não tinham filhos. Um dia, após a rainha se ter perdido num passeio pela floresta das fronteiras do reino, esta encontra o espírito da floresta que lhe promete um filho perfeito em todos os aspetos, exceto num: O príncipe terá orelhas de burro.
Publicado pela primeira em 1942, esta obra de José Régio não é uma história infantil mas sim um romance de fantasia para adolescentes e adultos, repletas de analogias sobre questões filosóficas, sociais e até políticas – uma tendência literária que surgiu nos anos de 1940, um pouco por toda a Europa, de passar a incluir elementos de magia e fantasia em obras literárias dirigidas adultos e não apenas em histórias para crianças, muitas das vezes esmiuçando, reformulando ou decompondo velhos contos de fadas. Foi este tipo de gosto pela introdução do “imaginário fantástico” nas obras literárias consideradas “sérias”, que deu origem à chamada “Literatura Fantástica” nas décadas seguintes, iniciada por Tolkien; e depois ao “Realismo Mágico”, nascido na América do Sul, em que autores como Gabriel García Márquez ou Jorge Amado foram percursores.
A história do “Príncipe com Orelhas de Burro” parte de um velho conto de fadas com o mesmo nome, que se encontra no folclore popular, um pouco por todo o mundo, mas que têm especial incidência na península ibérica pois é daí que provém a maior parte dos elementos que definem e compõe a história, tal como ela se conhece hoje. Portugal até tem a particularidade de ter várias versões do mesmo conto que não se encontram em mais lado nenhum.
Sei ao que vens — disse o gigantesco velho em voz grave e tom quase sarcástico. — O principezinho perfeito com orelhas de burro precisa de um preceptor em condições.
E qual pensa que fosse a causa da morte?
Creio que devem sabe-lo melhor do que eu os que andam mascarados surpreendendo gente pela estrada de Sintra.
O mistério da estrada de Sintra
Autor: Eça de Queirós
Ano de lançamento: 1884
Gênero: Romance policial
Um médico que está a passar de carruagem numa estrada de Sintra é surpreendido e sequestrado por quatro figuras mascaradas que o levam para uma misteriosa casa no meio de Sintra. Lá dentro encontrava-se o cadáver de um homem. Daqui se levantam várias perguntas: Quem era aquele homem; como morreu e quem o matou. A procura de respostas a este caso leva a uma empolgante história de intriga, suspeitas, ameaças, duelos e sexo, numa viagem que vai de Portugal à ilha de Malta.
Considerada a primeira obra portuguesa de cariz policial o “O Mistério da Estrada de Sintra” guarda ainda o interesse histórico de fazer parte de uma estratégia usada pelos seus autores – Eça de Queirós e Ramalho Ortigão – para enganar os leitores levando-os a pensar que se tratava de um caso real, tal como faria 68 anos depois Orson Welles no seu relato por rádio da “Guerra dos Mundos”.
Em pleno verão de 1870 os então jovens escritores e amigos, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão decidiram fazer algo inédito: escrever uma obra de ficção mas fazendo-a crer como sendo real, com a intenção de assustar Lisboa, na qual se narrava a história de um assassinato ocorrido na estrada de Sintra. Tendo como única inspiração a força da imaginação, começaram a escrever. Combinavam os dois, na véspera, o desenrolar da história e enviavam o original, em forma de carta anónima, para o diretor do jornal Diário de Notícias, que a publicava diariamente, como uma reportagem verídica.
E, de facto, o “mistério” foi lido avidamente e conseguiu preocupar os lisboetas. Houve até leitores que acreditaram nos factos narrados, chegando inclusive a fazerem-se investigações policiais no local. O caso só se resolveu quando, ao fim de dois meses, os autores identificaram-se e explicaram que, afinal, tudo não passava de um romance ficcional.
Recebeu a sua versão em livro em 1884 – 14 anos depois de ter sido publicada em folhetins no Diário de Notícias entre Julho e Setembro de 1970.
Plena de peripécias inverossímeis e excessos sentimentais, a narrativa visava parodiar o gosto do público da época pelos relatos de mistério, melodramáticos e rocambolescos.
E diante daquelas dificuldades que se erguiam como as muralhas sucessivas de uma cidadela, voltavam as antigas lamentações: não ser livre! não poder entrar claramente naquela casa, pedi-la à mãe, possuí-la sem pecado, comodamente! Por que o tinham feito padre? Fora “a velha pega” da marquesa de Alegros! Ele não abdicava voluntariamente a virilidade do seu peito! Tinham-no impelido para o sacerdócio como um boi para o curral!
O crime do padre Amaro
Autor: Eça de Queirós
Ano de lançamento: 1901
Gênero: Romance
A história de Amaro, um jovem padre que entrara para a vida eclesiástica graças à imposição de uma nobre beata que o tinha sob sua guarda. Sem vocação nenhuma, o jovem padre aceita o seu destino passivamente, abraçando a sua profissão sem entusiasmo. Destacado em Leiria, conhece Amélia que lhe desperta a paixão e a luxúria, levando-o a trair os votos de castidade proferidos na sua ordenação.
Grande marco do Realismo em Portugal, publicado originalmente em 1875, O crime do padre Amaro é a obra mais polémica de Eça de Queirós que levou a que houvesse grandes protestos por parte da Igreja Católica, não só dentro de Portugal, mas também do próprio Vaticano.
É a obra de Eça que denuncia a corrupção dos padres, que manipulam a população a favor da elite, e a questão do celibato clerical. A obra caracteriza-se pelo combate ao idealismo romântico que se estabelecia até então, em prol de uma visão mais crítica da sociedade e Eça de Queirós terá aproveitado o facto de ser nomeado administrador do concelho de Leiria para aí durante seis meses, conhecer e estudar aquele que seria o cenário de O Crime do Padre Amaro.
O romance, o primeiro de Eça a ser publicado em livro, enquadra-se perfeitamente na revolução literária europeia da época. Naquela altura (na segunda metade do século XIX), o Ocidente vivia um período de grandes transformações, com a Segunda Revolução Industrial. O cientificismo tinha passado a predominar a mentalidade social, com novas correntes filosóficas e teorias, entre as quais o positivismo de Comte, o determinismo de Taine, o evolucionismo de Darwin e o socialismo científico de Marx e Engels. Essa perspectiva racionalista e materialista levou os intelectuais a estudar o impacto social da industrialização e do liberalismo. Daí adveio a substituição do romance de entretenimento pelo romance de tese, que visa descrever e explicar os problemas sociais à luz das novas ideias. Passou a haver na literatura a crítica, muitas vezes feroz, às instituições que servem de base à sociedade burguesa, como o Estado, a Igreja e a família.
Portugal, tal como outros países europeus de forte pendor religioso, sobretudo os do sul da Europa, sofria com um atraso industrial e ideológico face outros países da Europa do Norte, nomeadamente, a Inglaterra e a França e é em função disso que a partir dos finais do século XIX se assiste em Portugal uma enorme mobilização de jovens que ansiavam por mudanças radicais na sociedade. É nesse contexto que Eça de Queirós se destaca, como o mais hábil autor de todos os escritores defensores da estética do realismo-naturalismo. Inspirado pelos franceses Gustave Flaubert e Émile Zola, Eça escreve O Crime do Padre Amaro (e mais tarde outros romances de crítica) de modo a atacar a corrupção do clero e a hipocrisia da média burguesia portuguesa numa tentativa de agitar a sociedade, pôr à luz os seus podres e obriga-la a mudar.
Viu-a depois, (…) ardente e sensual, rubra flor de paixão, endoidecendo homens, perdendo honras, destruindo lares, cortesã gananciosa cheia de vícios, toda manchada de impurezas.
O dominó preto
Autora: Florbela Espanca
Ano de lançamento: 1982
Gênero: contos
O primeiro livro de contos de Florbela Espanca, a mítica poetisa alentejana.
Escrito por Florbela em 1927, quatro anos antes de outro livro de contos “Máscaras do Destino“, no entanto só publicado em 1982, 50 anos após a sua precoce morte, devido a disputas de partilhas dos direitos de autor.
Desiludida por não ter, na altura, encontrado uma editora que publicasse o seu livro de poemas “Charneca em Flor” (que viria depois a dar-lhe fama) , Florbela Espanca decide abandonar por uns tempos a Poesia e ingressar na Prosa através da forma do Conto – decisão muito provavelmente impulsionada pelo seu trabalho de tradutora de romances franceses que assumira naquele ano.
Não há indícios que demonstram que Florbela alguma vez tivesse pretensão de publicar estes seus contos. No inicio do manuscrito, que não assinou, nem datou, deixou esta anotação: “Primeiros ensaios (coisas para aproveitar) ou antes, para não aproveitar… Tolices!” dando a entender que a própria não olhava com muita seriedade para estas suas incursões na prosa.
Escrito sem a sentimentalidade panteística que caracteriza os seus poemas, o Dominó Preto é de facto um trabalho mais desprendido que outros da sua autoria, não deixando, no entanto de estar fortemente marcado de erotização e de feminilidade – características muito próprias de Florbela – sendo o seu trabalho em prosa em que mais se evidencia o pendor sexual da alma feminina, em que a mulher é definida pelo seu poder sedutor e hipnótico.
O livro não é muito extenso, tendo apenas seis contos. Algumas semanas após o último conto “O Regresso do Filho”, o seu irmão acabou por morrer acidentalmente numa queda de avião e Florbela abandonou por completo este seu manuscrito. No entanto, de alguma forma, o trabalho que desenvolvera em O Dominó Preto, deve ter marcado Florbela, pois aquilo a que se dedicou depois e usou como meio de escape da dor provocada pela morte do irmão, não foi a Poesia, mas um novo livro de contos, dando, assim continuidade ao que iniciara com O Dominó Preto.
Fazem parte do livro os seguintes contos: Mulher de Perdição; À Margem Dum Soneto; O Dominó Preto; Amor de Outrora; O Crime do Pinhal do Cego; O Regresso do Filho.
O conto “Amor de Outrora”, cuja protagonista encontra um antigo amor durante uma consulta médica, acaba por ser uma história com traços auto-biográficos pois estabelece um paralelismo entre Florbela e seu terceiro marido, Mário Lage, que foi o seu próprio médico.
A cidade e as serras
Autor : Eça de Queirós
Ano de lançamento: 1901
Gênero: romance
A Cidade e as Serras, conta-nos a história de Jacinto, um indivíduo de posição social elevada e extremamente rico,que, tendo vivido uma existência de tédio em Paris, apesar de rodeado por todo o conforto, decide mudar-se para sua propriedade rural de Tormes, na serra portuguesa, encontrando aí o equilíbrio e a felicidade.
Um romance de Eça, pertencente à última fase do escritor, que é caracterizada pela pacificação do artista, pela sua visão mais optimista, pelo corte com a corrente literária do realismo e o abandono do tipo de romance crítico.
O livro foi editado postumamente, em 1901, e denuncia um aspecto importante da vida do escritor nos seus últimos anos de vida nos quais Eça escreveu várias cartas aos seus amigos em que denuncia essa ânsia por uma vida de família que o retempere do «descampado do sentimentalismo» de que estava cansado.
Nesse contexto Queirós faz uma comparação entre a vida módica e agitada de Paris (cidade em que viveu desde 1895, exercendo o cargo de cônsul, até à sua morte em 1900) e a vida tranquila e pacata na cidade serrana de Tormes num percurso de regresso às origens. É pois um romance que assume várias conotações simbólicas ideológicas e simbólicas sobretudo a oposição cidade-campo.
Eça criou este romance a partir de um conto seu chamado “Civilização” que faz Zé Fernandes, personagem-narrador do conto, a contar a história de Jacinto, o protagonista do livro.
É um romance denso, belo, ao longo do qual Eça de Queirós ironiza ferrenhamente os males da civilização, fazendo elogio dos valores da natureza.
Jacinto, esta tua reconciliação com a Natureza, e o renunciamento às mentiras da Civilização é uma linda história... Mas, caramba, há aqui falta de mulheres!
Alice adventures in wonderland
Autor : Lewis Caroll
Ano de lançamento: 1865
O livro “Alice no País das Maravilhas” é um dos maiores clássicos da literatura ocidental. A obra de Lewis Carroll, pseudônimo de Charles Lutwidge Dodgson, foi publicada em 1865 com uma tiragem inicial de 2 mil cópias. A impressão ficou tão ruim, mas tão ruim, que os livros foram vendidos como papel usado. O fato foi registrado no diário pessoal de Carroll, em agosto daquele ano. Imagine a situação: você compra uma pilha de papeis usados e encontra ilustrações de uma menina tomando chá com um homem de chapéu e um coelho.
Uma segunda edição do clássico foi impressa e, desde então, a obra foi traduzida para 170 idiomas e se tornou um sucesso de vendas. Hoje, o livro Alice no País das Maravilhas é aclamado por públicos de todas as idades em todo o mundo.